Quando se discute ou mesmo quando a informação chega a todos sobre o cinema, quase sempre o repertório cultural básico associa-se ao cinema exuberante, ao cinema comercial norte-americano e ao espetaculoso.

Essa desimportância do cinema brasileiro e, porque não, o preconceito contra produções genuinamente brasileiras talvez ainda esteja presente na escolha do brasileiro.

O Brasil viveu várias fases em sua história audiovisual.
Crises financeiras, ditaduras e instabilidade política acabaram sendo espelhadas na arte cinematográfica em geral.

Mesmo assim tivemos grandes momentos como o Cinema Novo, a Chanchada com seu humor erótico, o Cinema Marginal e acima de tudo o Cinema de Retomada, aquele produzido após a ditadura militar.
Fora de terras brazucas, o público em geral, os críticos, os acadêmicos e os estudiosos da linguagem e de sua plasticidade, reconhecem as qualidades únicas de nossa produção.
A diversidade estética presente no cinema brasileiro é raramente vista em outras produções ao redor do globo. Em contrapartida aos períodos anteriores, nos últimos vinte anos, na Pós Retomada, o cinema nacional pode contar com uma gama de incentivos de produção, tais como o Fundo Setorial, a Ancine com políticas de incentivo de produção, entre outros.

Dessa forma, o cinema brasileiro ganhou destaque, tendo alguns de seus filmes indicados e premiados em festivais internacionais importantes, além da qualidade inegável dos atores e diretores do Brasil.

Pensando assim, a banda Griswolds foi moldando seu show exclusivamente com produções de filmes brasileiros projetados em sua tela no palco, cantado e falado em português, embora o trio já fizesse um pequeno tributo "nacional" em seu repertório rotineiro desde 2013.

Griswolds Cine Brasil, enfim, é uma homenagem completa ao cinema do país tropical, paixão dos três integrantes da banda e de sua produção.
A musicalidade do trio, composta de guitarra, baixo e bateria continua aplicando elementos de rock e punk rock neste projeto, além de injetar algumas doses da sonoridade rítmica brasileira.

Um show com releitura sonora minimalista. Junto com o som, fragmentos marcantes dos filmes nacionais no palco. Um espetáculo áudio-visual.

No set list, ouve-se e vê "Xica da Silva" de Carlos Diegues, Xuxa sendo salva por Sérgio Mallandro em "Lua de Cristal", os "Saltimbancos Trapalhões" na divertida peça de Chico Buarque, Rita Cadillac com seu rebolado todo brasileiro em "Carandiru", "Conga Conga Conga" no "Bingo" da sexagenária Gretchen, "Você Não Me Ensinou a Te Esquecer" de "Lisbela e o Prisioneiro", "Casinha Branca" da comédia atual "Vizinhos", "Rap das Armas" do ótimo "Tropa de Elite", "Fogo No Rancho" presente em "O Jeca Tatu" do gênio caipira Amácio Mazzaropi, "Sandra Rosa Madalena" de "Minha Mãe é uma Peça" do multitalentoso Paulo Gustavo, o controverso "Marighella", o clássico distópico "Bacurau", os blockbusters brasileiros "Eu, Tu, Eles", "Meu Nome Não é Johnny", "Ó Pai Ó" e o "Auto da Compadecida"; os oitentistas "Bete Balanço" e "As Sete Vampiras"; e "Cidade de Deus" (o segundo filme estrangeiro mais visto no mundo) entre outros.

Griswolds Cine Brasil quer pontuar de vez a importância do cinema nacional para que o espectador tenha mais estímulos e mais expectativas sobre nossa multifacetada arte nacional, e para que, principalmente, sob olhares diferentes, se contemple e se reflita sobre a excelência da sétima arte feita no país.